domingo, 11 de junho de 2017

Manejo e tratos culturais no Coqueiro


Durante a fase jovem, que corresponde em média aos três e/ou quatro primeiros anos de idade, os cuidados dispensados às plantas deverão se refletir na precocidade de produção e produtividade do coqueiral. Da mesma forma, durante a fase adulta, a adoção de tratos culturais adequados, constitui-se em fator fundamental para que se obtenha produção regular e contínua de frutos durante o ano. 

Coroamento Manual

É realizado principalmente por pequenos produtores, utilizando-se capina com enxada na zona do coroamento do coqueiro e roçagem no restante da área. A área do coroamento corresponde a projeção da copa da planta, o que equivale a um raio de aproximadamente 2 m a 2,5 m a partir do estipe, onde se concentra a maior parte das raízes do coqueiro. Nessa operação, deve-se evitar o arrastamento da camada superficial do solo, assim como o corte das raízes do coqueiro.

Roçagem mecânica das entrelinhas

Em plantios irrigados, a roçagem da vegetação natural nas entrelinhas de plantio do coqueiro é utilizada como um dos principais métodos de controle das plantas infestantes, considerando que, nesse caso, as necessidades de água e nutrientes do coqueiro são devidamente supridas. No caso dos plantios em sequeiro, a manutenção da vegetação natural favorece a competição por água e nutrientes, principalmente, Nitrogênio, com reflexo negativo no crescimento e produção do coqueiro.
Nos plantios localizados ao longo das unidades geoambientais dos tabuleiros costeiros e baixada litorânea, o uso frequente da roçagem mecânica favorece a infestação de gramíneas, como por exemplo o “capim gengibre” (Paspalum maritimum L)  e/ou “capim brachiária” (Brachiaria sp ), espécies estas amplamente disseminadas nas regiões tradicionais de cultivo localizadas ao longo da faixa litorânea do Nordeste do Brasil. Por apresentarem pontos de crescimento abaixo do nível de corte da roçadeira, estas espécies se expandem rapidamente, em detrimento de outras espécies.  A utilização desta prática em plantios de sequeiro, principalmente quando estes estão localizados em áreas com déficit hídrico elevado e má distribuição de chuvas durante o ano, pode comprometer o crescimento e produção do coqueiro.  

Gradagem do solo

O uso da grade de discos nas entrelinhas de coqueiros cultivados em sequeiro constituiu-se, ao longo dos anos, como uma das principais práticas culturais, utilizadas largamente entre médios e grandes produtores dedicados ao cultivo do coqueiro-gigante. Seus resultados positivos estão relacionados à maior eficiência de controle das plantas infestantes, consequentemente, reduzindo a competição por água e nutrientes. Por outro lado, o uso frequente desta prática além de provocar danos às raízes dos coqueiros, favorece o processo de erosão e lixiviação de nutrientes, além de proporcionar degradação das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Nos tabuleiros costeiros, o efeito desta prática é ainda mais drástico devendo ser evitada em função da ocorrência de camadas coesas na subsuperfície do solo.
A utilização da gradagem deverá restringir-se, portanto, àquelas regiões mais secas, preferencialmente realizadas entre o final do período chuvoso e início do seco, proporcionando assim a incorporação da vegetação de cobertura ao solo, não devendo ultrapassar, no entanto, 20 cm de profundidade. Deve-se observar uma distância mínima de 2 m de raio a partir do coleto e/ou estipe do coqueiro, evitando-se assim corte excessivo de raízes. Quando a gradagem é realizada no final do período seco/início das chuvas são menores os danos provocados ao sistema radicular do coqueiro, uma vez que as raízes absorventes encontram-se em sua maioria mortas em consequência do último período seco. Com a chegada das chuvas, o corte das raízes provocado pela grade, promove novas emissões aumentando a sua capacidade de absorção. Nesse caso, recomenda-se que seja realizado o plantio nas entrelinhas de uma cultura consorciada ou leguminosa de cobertura de ciclo curto, que possa ser colhida e incorporada ao solo ao final do período chuvoso. Deve-se ressaltar, no entanto, que a gradagem realizada neste período não reduz o efeito de competição por água e nutrientes com as plantas daninhas conforme observado anteriormente. Uma alternativa que poderia ser adotada pelo produtor seria a alternância de utilização da gradagem no início do período seco com roçagem mecânica durante o período chuvoso.

Consorciação nas entrelinhas de plantio com culturas de ciclo curto

As entrelinhas de plantio dos coqueiros podem ser utilizadas para cultivo com outras culturas, principalmente durante a fase que antecede ao início da produção, que corresponde, em média, aos quatro primeiros anos de cultivo. A consorciação é utilizada, principalmente, por pequenos produtores durante o período chuvoso do ano, utilizando culturas de subsistência, tais como, milho, feijão e mandioca entre outras, as quais podem favorecer indiretamente o desenvolvimento do coqueiro. Além de proporcionar receita para cobrir ou amenizar os custos de implantação do coqueiral, apresenta outras vantagens como: maior proteção do solo e reciclagem de nutrientes; melhor aproveitamento da adubação e tratos culturais dispensados à cultura consorciada; maior eficiência de uso do solo, entre outras.
Com relação às dificuldades de manejo das áreas consorciadas em grandes propriedades, uma opção seria o plantio destas culturas em linhas alternadas, viabilizando assim, o trânsito de máquinas e equipamentos que se fizerem necessários. Tem-se observado também uma crescente utilização da consorciação com outras culturas de ciclo perene, a exemplo, da banana, mamão e citros. Para a seleção da cultura a ser consorciada, devem-se levar em consideração os aspectos relacionados com a adaptabilidade às condições de clima e solo locais, exigências nutricionais e hídricas, ciclo da cultura e as questões de mercado, entre outras.
Nos cultivos realizados em sequeiro, recomenda-se que sejam utilizadas, preferencialmente, culturas de ciclo curto, cultivadas durante o período chuvoso do ano e colhidas no início do período seco, utilizando a palhada como cobertura morta na zona de coroamento. Para o plantio dessas culturas, deve-se manter um raio de aproximadamente 2 m de distância a partir do coleto do coqueiro e realizar adubação e tratos culturais necessários, como forma de evitar competição e facilitar o manejo da cultura principal.

Consorciação com frutíferas nas linhas de plantio em sistemas irrigados

Em sistemas irrigados, o plantio da cultura consorciada na linha de plantio do coqueiro pode ser recomendado como uma prática capaz de proporcionar melhor aproveitamento da água de irrigação e da adubação.
A cultura do mamoeiro tem se constituído uma das principais alternativas de consórcio, sendo utilizada entre coqueiros na mesma linha de plantio. Nesse caso, pode-se deslocar um dos microaspersores para o meio da linha onde são plantados em média quatro mamoeiros entre dois coqueiros. Considerando-se que o ciclo da cultura do mamoeiro é de, aproximadamente, três anos, ao final do mesmo inicia-se a fase produtiva do coqueiro, permitindo assim ao produtor a obtenção de receita desde a implantação do projeto. Outra alternativa seria o plantio das culturas consorciadas na zona de abrangência dos microaspersores, mantendo-se uma distância de aproximadamente 2 m do coqueiro, utilizando-se duas ou quatro plantas consorciadas para cada coqueiro. De acordo com trabalhos realizados pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, a cultura da bananeira constitui-se também como alternativa de consórcio, uma vez que, a despeito de reduzir inicialmente o desenvolvimento da circunferência do coleto dos coqueiros, proporcionou melhores resultados em relação ao sistema solteiro.

Cobertura do solo com leguminosas

Entre as espécies de ciclo curto, o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis L.) é considerado uma das principais espécies utilizadas como adubação verde na região dos tabuleiros costeiros do Nordeste do Brasil, tendo em vista a sua grande capacidade de produção de biomassa e fixação de nitrogênio. As sementes, juntamente com o adubo fosfatado devem ser aplicados a lanço e posteriormente incorporados ao solo com gradagem leve. No período de floração, recomenda-se a realização da roçagem manual ou mecânica, permanecendo a biomassa na superfície do solo.
A utilização de leguminosas perenes como cobertura de solo, além de apresentar maior aporte de nitrogênio para o coqueiro, apresenta também como vantagem a elevação dos teores de matéria orgânica, maior proteção contra a erosão e redução da amplitude térmica do solo. A utilização dessa prática em regiões que apresentam déficit hídrico elevado como ocorre em grande parte da região produtora de coco do Nordeste do Brasil, pode elevar significativamente a competição por água entre coqueiros e plantas de cobertura.
Em regiões que apresentam condições de clima e solo favoráveis, como ocorre na região Norte do Brasil, a utilização da Pueraria phaseoloides, Centrosema pubescens e Calopogonium muconoides têm apresentado resultados bastante favoráveis, uma vez que proporciona cobertura adequada do solo e melhoria da nutrição nitrogenada do coqueiro. A utilização de leguminosas arbóreas perenes de múltiplo uso a exemplo da Gliricidia sepium e Leucena leucocephala podem também ser utilizadas para composição de sistemas integrados de produção com animais

Associação com animais

A criação extensiva de bovinos em áreas cultivadas com coqueiros no Nordeste do Brasil é uma prática bastante utilizada e tem como objetivo proporcionar melhor aproveitamento do espaço disponível no coqueiral. A implantação de pastagens artificiais à base de gramíneas, sobretudo do gênero Brachiaria, como o B. humidicola L., constitui-se por outro lado, em prática não recomendável, considerando-se o aumento da competição por água e nutrientes que poderá estabelecer-se com os coqueiros, a qual será tanto maior quanto mais elevado for o déficit hídrico da região.
Eventuais problemas de compactação poderão ser contornados desde que mantida uma carga animal adequada às características do solo em uso. Por outro lado, os benefícios obtidos estão relacionados com a redução dos custos com limpeza e pela produção de esterco, o qual poderá ser utilizado para adubação dos coqueiros, assim como pela possibilidade de aumento de receita da propriedade em função da venda de animais. Em áreas irrigadas, a associação com ovinos, tem crescido significativamente, nas áreas tradicionais de produção. Resultados obtidos pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, na unidade de paisagem de baixada litorânea demonstraram que a recria/engorda de carneiros da raça Santa Inês, a taxas de 2,4 cabeças/ha/ano, associada à prática sistemática de vermifugação, mineralização e controle de mosquitos, permitiu produção adicional da ordem de 30 kg/ha de peso vivo, com redução de custos de duas roçagens/ano, sem alterar a produção de coco, desde que mantida a prática de coroamento dos coqueiros.

Cobertura Morta

As folhas mortas, cascas de coco seco e demais restos de cultura podem ser utilizados como cobertura morta com o objetivo de aumentar a conservação de água no solo e controle das plantas daninhas, principalmente nos plantios realizados em sequeiro. As cascas de coco constituem também uma importante fonte de potássio e cloro, elementos estes de grande importância na nutrição do coqueiro. Quando triturado, este material poderá se utilizado também no processo de compostagem para utilização na adubação do coqueiro. Considerando-se os elevados custos de trituração, uma alternativa seria a distribuição das cascas nas entrelinhas dos coqueiros, possibilitando assim o seu processamento parcial com a utilização da roçadeira mecânica. As folhas secas poderão ser utilizadas também como cobertura morta na zona do coroamento, neste caso devendo ser cortadas, eliminando-se a raque. Deve-se evitar assim a queima deste material, prática esta que, infelizmente, é bastante utilizada, principalmente entre pequenos produtores de coco seco.




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