domingo, 20 de agosto de 2017

Variedades de Mirtilo



Descrição da planta, melhoramento genético e cultivares

O mirtilo é membro da família Ericaceae, subfamília Vaccinoideae e gênero Vaccinium. Segundo Longley (1927) e Newcomber (1941), citados por Eck (1966), o número básico de cromossomos da espécie é 12. O mirtilo é nativo da América do Norte, Estados Unidos e Canadá, onde é denominado "blueberry". Galletta e Ballington (1996) classificam os tipos de mirtilo, comercialmente plantados, em cinco grupos importantes, descritos a seguir: Highbush: (arbusto alto) São plantas de dois ou mais metros de altura. A necessidade em frio hibernal das plantas deste grupo está geralmente entre 650 e 850 horas. Half high: (arbusto de médio porte): Este grupo tem plantas de 0,5 a 1,0 m de altura. Presentemente, este grupo envolve híbridos de V. angustifolium e V. corymbosum. Tem menor exigência em frio do que o grupo anterior. Southern highbush: (arbusto de porte alto, originário do sul dos EEUU). Este grupo também conhecido como"highbush" de baixa necessidade em frio, predomina a espécie V. corymbosum, Galletta e Ballington (1996) Tem melhor desempenho nos planaltos, nos solos pobres em matéria orgânica, apresenta maior resistência as doenças. São mais exigentes em água estruturação e fertilidade de solo, drenagem e quantidade de matéria orgânica do que as cultivares do tipo "rabbiteye".(Vilella, 2003) Rabbiteye -"olho de coelho" (espécie hexaplóide): As plantas deste grupo podem alcançar de dois a quatro metros de altura. Algumas das características da espécie V. ashei são: vigor, longevidade, produtividade, tolerância ao calor e à seca, problemas com fungos e variações de solo, baixa necessidade em frio, produzindo frutos ácidos, firmes e de longa conservação. Entre as limitações dessa espécie, estão o fato de desenvolver a cor completa dos frutos e melhor sabor antes do ponto ideal de colheita e apresentam tendência a rachar a película em períodos úmidos, a película do fruto de coloração escura está correlacionada com frutas mais doces e com auto-esterilidade. Muitos desses defeitos já foram solucionados através de melhoramento genético.Por exemplo, as cvs, Beckyblue e Premier produzem frutos de tamanho, cor e qualidade competitivos com as cultivares do grupo "highbush", Galletta e Ballington (1996). Lowbush (arbusto de pequeno porte): As plantas têm menos de meio metro de altura. A maioria delas pertence à espécie V. angustifolium, embora esteja neste grupo, o mirtilo do Canadá (V. myrtilloides e V. boreale), Galletta e Ballington (1996). Esta classificação pode ser simplificada, utilizando-se três classes: "highbush"; "lowbush" e "rabbiteye". Neste caso, "highbush" compreenderia espécies cuja altura de plantas varia de 1.5 a 7m, mas o mirtilo cultivado foi desenvolvido principalmente de duas espécies: V. corymbosum L. e V. australe Small, embora várias outras espécies tenham sido utilizadas em programas de seleção e melhoramento. Plantas dessas espécies são encontradas na costa leste da América do Norte (da Nova Escócia ao sul de Quebec e oeste de Wisconsin) estendendo-se até o extremo norte da Flórida e sudeste do Alabama. As populações do sul são formadas principalmente por V. australe Small, enquanto nas do norte, predomina V. corymbosum. Esta última espécie, entretanto, pode misturar-se com outras como V.lamarckii e V. britonii, no seu limite mais ao norte, e V. arkansanum, simulatum, australe e marianum próximo ao seus limites ao sul. Tipos intermediários entre estas espécies podem ser observados.(Eck,1966, apud Eck et al,1990). O tipo "lowbush" também inclui diversas espécies, entre elas V. mirtilloides, V. angustifolium,sendo esta a "lowbush" de maior importância comercial nos Estados Unidos e a mais abundante espécie encontrada nos velhos campos do Canadá. Com menor importância, são encontradas as espécies V.lamarckii e V. britonii. O grupo chamado "rabbiteye" (olho de coelho) (V. ashei Reade), tem plantas que podem atingir até 10 metros de altura e estende-se do norte da Flórida até sul de Alabama e Geórgia. Esta espécie e considerada pelos melhoristas como a que oferece as maiores possibilidades para o melhoramento, porque é tolerante a uma variação maior de pH do solo e a altas temperaturas, além disso apresenta certa resistência à seca e baixa necessidade em frio. (Eck et al, 1990). Características desejáveis da espécie Vaccinium angustifolium são: baixo porte das plantas, maturação precoce e concentrada, resistência à seca, e ao frio, produtividade e doçura. Características negativas incluem: auto-infertilidade, pequeno tamanho dos frutos, hábito de crescimento muito aberto, alta exigência em frio hibernal (acúmulo de temperaturas menores ou iguais a 7,2°C igual ou maior que 1000 horas), maciez e baixa acidez do fruto. Galletta e Ballington1(1996) citam que Coville começou a domesticação do mirtilo, em 1906. Ele estudou esta espécie desde a germinação da semente até a maturação do fruto. Peculiaridades da espécie incluem a necessidade de solo ácido com boa drenagem, mas moderada umidade do solo. Esta necessidade é explicada pela ausência de pilosidade na raiz.Os primeiros trabalhos com mirtilo iniciaram no final do século XIX, em Maine, Rhode Island, New York e Michigan. Card iniciou o programa de Rhode Island em 1898, selecionando as melhores plantas nativas para estudo de propagação e capacidade de transplante. O interesse do mercado de Boston pelo fruto do mirtilo e o potencial de melhoramento da espécie despertaram o interesse de Coville que, em 1906, começou trabalhos de seleção e propagação das plantas que produziam os frutos maiores. Sua primeira seleção foi `Brooks´, que era do tipo highbush. Em 1911, ele cruzou `Brooks´ com `Russel´, do tipo "lowbush", realizada em 1909, sendo este o primeiro cruzamento bem sucedido realizado com mirtilo. Quando Coville faleceu, em 1937, havia cerca de 70.000 híbridos e 15 cultivares lançadas. Esta espécie, domesticada inteiramente no século XIX, desenvolveu um mercado mundial originando programas de melhoramento na Holanda, Alemanha, Canadá, Irlanda, Itália, Finlândia, Yugoslávia, Inglaterra, Dinamarca e Escócia (Galletta, 1975).

Objetivos dos programas de Melhoramento

Os objetivos dos programas de melhoramento geralmente incluem:
Características das plantas como tipo, vigor, precocidade, produtividade, facilidade de enraizamento, época de colheita, resistência a doenças, pragas, resistência a calor e seca, necessidade em frio e adaptação a diversos tipos de solo. Dentre as características dos frutos são importantes o tamanho, a cor, o hábito ou formato do cacho, a cicatriz, a textura, a firmeza, o sabor. período de desenvolvimento das frutas, conteúdo nutricional e qualidade para processamento.
Devido ao interesse mundial por este fruto as características da planta e do fruto referentes à tolerância a doenças e pragas e caracteres ligados à adaptação necessitarão atenção especial em futuros programas de melhoramento, tais como:
  1. Amplitude de adaptação a diferentes tipos de solo, com menor dependência de solos ácidos, orgânicos e com pobre drenagem (para o tipo “highbush”).
  2. Mais ampla adaptação climática para regiões de inverno ameno e longo período de crescimento, assim como para áreas mais frias, com curtos períodos de crescimento, incluindo tolerância à geadas e temperaturas de congelamento durante a floração ou floração tardia, para evitar o efeito das geadas.
  3. Redução do tempo para iniciar a colheita comercial de três a quatro anos para dois a três anos, dependendo da espécie envolvida.
  4. Resistência a doenças, pragas e nematóides.
  5. Tolerância a manejo mecânico da colheita, poda, redução de capina, cobertura morta ou herbicida e aumento da densidade de plantio.
  6. Excelência do sabor dos frutos, tanto in natura como após o processamento, bem como manutenção do pico de melhor sabor, por um período prolongado.( Galletta e Ballington, 1996).
Biologia floral: Os membros do gênero Vaccinium formam flores, geralmente, na posição axilar. Em espécies cujas gemas têm escamas sobrepostas (scaly buds), as gemas são dimórficas, sendo as gemas rotundas, duas ou mais vezes maior que as gemas finas, vegetativas. Nas outras espécies, a aparência externa das gemas vegetativas e floríferas é semelhante. O número de flores por inflorescência varia entre espécie; de seis flores para Myrtillus, e 14 para Cyanococcus. As flores individuais são perfeitas, com uma corola simpétala com 4 ou 5 lóbulos. A corola pode ter forma de campanulada, de sino e de urna. Os estames são em número de oito ou dez, geralmente o dobro do número de lóbulos da corola. As anteras têm a forma de tubos ocos, alongados, com um poro na extremidade por onde sai o pólen. Em geral, o estigma é indiferenciado, sobre um estilete filiforme.(Galletta e Ballington, 1996).
O pólen é composto de quatro grãos unidos, geralmente, um tetraedro, dos quais cada um é capaz de germinar “in vitro” Quando a antera está deiscente, o pólen geralmente cai, passando do estigma e para fora da corola, sem afetar a polinização. Por isso, na natureza, é importante a polinização por insetos (Galletta, 1975).

Polinização

Para que uma produção comercial seja satisfatória é necessário: que pelo menos 80 % das flores frutifiquem e a existência de insetos polinizadores, uma vez que, pelo formato da flor, o pólen cai fora da mesma e não no estigma. Apesar da espécie (do tipo highbush) ser autofértil, a polinização cruzada favorece a obtenção de frutos de melhor tamanho. É aconselhável colocar cinco colméias, por hectare, quando 25% das flores estiverem abertas (Eck et al., 1990).
No caso do mirtilo do tipo “rabbiteye” há, em geral, algum grau de incompatibilidade. Assim, é aconselhável o plantio de, pelo menos, duas cultivares para a polinização cruzada.
Fotos: Maria do Carmo Bassols Raseira 
Figura 1. Flores de mirtilo e ação de polinizadores

Cultivares

Na Embrapa Clima Temperado foram testadas as seguintes cultivares: Aliceblue, Bluebelle, Briteblue, Bluegem, Clímax, Delite, Florida, Powderblue, Woodard, destacando-se Bluegem, Powderblue e Aliceblue. Dados de fenologia e produção da safra 2003 estão apresentados na Tabela 1.
‘Aliceblue’: é originária de Gainesville, Flórida, por polinização aberta de ‘Beckyblue’. Necessita de polinização cruzada e tem alguma resistência ao oídio. Mostrou muito boa adaptação às condições de Pelotas (RS) e os frutos têm um sabor equilibrado de acidez a açúcar. O teor de sólidos solúveis tem sido, em média, 11,3 a 11,8°Brix.
O peso médio do fruto tem variado entre 1,5 e 1,8g.A película é azulada e a cicatriz (local donde se desprendeu o cálice) é média a pequena e seca. È a cultivar de maturação mais precoce, dentre as testadas. Floresce de meados de agosto a início de setembro e a colheita inicia, nas condições de Pelotas, RS, em meados de novembro.
`Bluebelle`: originária de Tifon, Geórgia, de cruzamento realizado em 1946, entre ‘Callaway’ e ‘Ethel’. É autofértil. Na coleção em teste, os frutos produzidos foram firmes, de tamanho médio (entre 1,1 a 1,3 cm de diâmetro), sabor doce e ácido, predominando a acidez e presença moderada de pruína na superfície. A película é bem escura. O teor de sólidos solúveis foi, em média, de 11,5°Brix e o diâmetro variou de 1,0cm a 1,7cm e o peso médio das frutas foi de 1,0 a 1,3g.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 2. Aspectos de frutos e da planta, cv Bluebelle.
‘Bluegem’: cultivar originária de Gainesville, Flórida, de polinização livre de uma seleção chamada Tifton 31. Necessita polinização cruzada e ‘Woodard´, é uma das polinizadoras recomendadas. Os frutos têm muito bom sabor e a película apresenta bastante pruína. O teor de sólidos solúveis tem sido entre 10,5 e 12,8°Brix.. O diâmetro dos frutos esteve entre 1,0cm e 1,6cm e o peso médio foi em torno de 1,3 g. A colheita é mais tardia que `Aliceblue´ e antes da cv. Powderblue.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 3. Aspecto de frutos da variedade
de mirtilo Bluegem.
`Briteblue`: Esta cultivar tem origem em Tifon, Geórgia, tendo sido desenvolvida pela Coastal Plain Experimental Station and Crops Research. Division de Agricultura dos Estados Unidos. De acordo com a descrição no registro de cultivares, produz frutos grandes (acima de 1,3 cm de diâmetro), com película azul-clara, sabor regular e boa firmeza, podendo ser transportados para mercados distantes. Em Pelotas o peso médio e o diâmetro, da fruta foram respectivamente de 1,3 a 1,6 g e 1,0 a 1,7cm. O teor de sólidos solúveis totais tem variou de 9,2 a 11,3°Brix.. Entre cultivares testadas na Embrapa Clima Temperado, é a que produz os frutos mais firmes.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 4. Aspectos de frutos e da planta, cv Brite Blue.
`Clímax`: esta cultivar é também originária de Tifton, Geórgia, desenvolvida pela Coastal Plain Experimental Station e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Proveniente de um cruzamento entre ‘Callaway’ e ‘Ethel’. Os frutos podem ser considerados de tamanho médio, com película de coloração azul-escura e polpa saborosa. Amadurece de maneira relativamente uniforme. Em Pelotas, o diâmetro e o peso médio dos frutos variou respectivamente de 1,0 a 1,7cm, e 1,8 g.A película apresenta-se coberta por bastante pruína, dando o aspecto bem azulado à mesma; o teor de sólidos solúveis variou entre 10° e 12,4° Brix. O sabor foi doce ácido.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 5.  Aspectos de frutos e da planta, cv. Clímax.
`Delite`: Tem origem na mesma Estação Experimental da cv. Clímax, oriunda do cruzamento de duas seleções: T14 e T15. Na descrição de registro da cultivar (The Brooks and Olmo, 1997) consta que os frutos são de tamanho grande. Nas condições de Pelotas, sem irrigação, os frutos são pequenos a médios, variando o diâmetro de 1,2 a 1,8cm e o peso médio de 1,2g e nos anos de (2001 a2003), o teor de sólidos solúveis variou entre 10,8 e 12,5° Brix. A película apresentou menos pruína do que os frutos da cv. Clímax, sendo bem escura. Segundo o registro desta cultivar, o sabor é excelente e a maturação inicia poucos dias após ‘Briteblue’.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 6.  Aspectos de frutos e da planta, cv. Delite.
`Powderblue`: os frutos desta cultivar apresentaram tamanho do fruto, médio (entre 1,3 a 1,6cm de diâmetro) a bom (acima de 1,7cm de diâmetro) com muito bom sabor, doce-ácido equilibrado. É uma das cultivares com maior quantidade de pruína na película. O diâmetro e o peso médio dos frutos variou respectivamente entre 1,2cm e 1,5cm e 1,2 a 1,9g e o teor de sólidos solúveis, 11° a 11,7°Brix. Esta cultivar originou-se em Beltsville, Maryland., de um cruzamento entre `Tifblue` e `Menditoo`, realizado por G.M. Darrow, Agricultural Research Service. É considerada resistente a doenças, sendo as plantas produtivas e vigorosas. Foi a cultivar de maior produtividade na coleção da Embrapa, safra 2002/2003 (6,100g/planta).
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 7.  Aspectos de frutos e da planta, cv. Powderblue.
‘Woodard’: cultivar também originária de Tifton, Geórgia, e oriunda do cruzamento entre ‘Ethel’e ‘Callaway’. Os frutos têm boa aparência sendo a película azul-clara. São considerados macios e, portanto, inadequados para transporte a longas distâncias. A maturação é pouco mais tardia que a ‘Climax´ e o peso e o diâmetro médio dos frutos variou respectivamente entre 1,0 a 1,2g, e 1.1 a 1,5cm. O teor de sólidos solúveis tem sido superior a 12° Brix, podendo chegar a 13°9°Brix.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 8.  Aspectos de frutos e da planta, cv. Woodard.
Outras cultivares interessantes: Misty é uma das cultivares da Flórida. Não é patenteada e está sendo bastante plantada no Uruguai e Argentina. Resultou do cruzamento entre a seleção Fl 67-1 e a cv. Avonblue. Os frutos são grandes, azul claro, com cicatriz, firmes e saborosos. Tende a produzir excessivo número de gemas florais e geralmente necessita de poda de inverno para reduzir o potencial de floração. (Brooks & Olmo, 1997).
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 9. Aspectos de planta da variedade Misty.

O `Neal`, originária da Carolina do Norte, do cruzamento entre Wolcott e Fla 4-15. Pertence ao grupo Highbush do sul, predominando V. corymbosum, contém alguns gens de V. angustifolium, V. ashei e V. darrowi. É de maturação precoce, produzindo frutos grandes com boa firmeza, cicatriz, boa coloração da película e sabor. A planta é vigorosa, produtiva, semi ereta e de baixa necessidade em frio, cerca de 400 horas. È resistente à raça 1 do patógeno causador do cancro dos caules (Brooks & Olmo, 1997).
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 10. Aspectos de planta em inicio de floração, variedade O`neal.
Sharpblue: Originária do programa de melhoramento da Universidade da Flórida. È uma cultivar tetraplóide derivada de uma série de cruzamentos entre V.ashei , V. darrowi e V. corymbosum. Foi selecionada em 1966. Os frutos são de tamanho médio, de forma redonda oblata, de película azul escura, polpa medianamente firme e maturação muito precoce. A planta é vigorosa, produtiva e de baixa necessidade em frio (Brooks & Olmo, 1997)
Emerald: foi lançada em dezembro de 1999 e tem sido testada na Flórida. Oriundo do cruzamento entre uma seleção da Flórida com uma da Carolina do Norte (NC 1528). É precoce uma vez que Floesce e brota praticamente junto com ´Sharpblue´.As plantas são vigorosas e de hábito de crescimento intermediário entre aberto e vertical.Os frutos são maiores do que da cultivar ´O´Neal´. Apresentam boa cicatrização, firmeza, sabor e cor de película. Os cachos de frutos são um pouco mais densos que o ideal. A cv. Emerald enraíza bem de estacas e cresce bem nos viveiros (www.smallfruit.org, 2003).
Bluecrispy: Foi também conhecida como `Crunchyberry` (baga crocante) por causa de sua rara firmeza, e uma textura quase crocante do fruto maduro. Os frutos desta cultivar são muito doces, têm boa conservação e resistem muito bem ao transporte,as frutas conservam a qualidade tipo exportação mesmo quando o clima se torna quente e chuvoso. É do tipo "highbush" e seus frutos são de tamanho semelhante às da cultivar `O´Neal´,entretanto a colheita é mais difícil, necessitando de maior esforço para desprender os frutos da planta. As plantas são vigorosas e com crescimento do tipo intermediário entre aberto e vertical. (www.smallfruit.org, 2003).
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 11.  Aspectos de planta em inicio de floração, variedade Blue Crisp.
Millenia: Foi selecionada na Flórida e lançada em 2001, tendo sido. Os frutos são de bom tamanho (acima de 1,7cm de diâmetro), grandes, com epiderme de cor azul clara, excelente cicatriz (seca e regular) e firmeza. O sabor não é acentuado. A planta é vigorosa e de hábito mais aberto. Tem grande potencial produtivo. A necessidade em frio é estimada em 300 horas (www.smallfruit.org, 2003).
Jewel e Sapphire: São novas cultivares do tipo "highbush" lançadas pelo programa da Flórida, Estados Unidos, com muito baixa necessidade em frio. Ambas produzem frutos de alta qualidade e maturação precoce. Os frutos de `Jewel´ são talvez adstringentes demais para certos mercados (www.smallfruit.org, 2003).
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 12.  Planta da variedade Jewel.
Bonita: Originária do Programa de Melhoramento da Flórida, Gainesville. Foi obtida da polinização livre de `Beckyblue`. È da espécie V. ashei. Os frutos são de tamanho médio a grandes, de película azul clara e sabor adstringente até o completo amadurecimento. É de maturação precoce e auto-incompatível (Brooks & Olmo, 1997). A exigência em frio é semelhante à cv. Clímax provavelmente adaptar-se-ia ao Sul do Brasil.
Tifblue: Originária de cruzamento entre Ethel x Clara, realizado em 1945, em Beltsville, Md. e selecionada em Tifton, Ga. A epiderme dos frutos é azul bem claro, a polpa é firme e gostosa. A cicatriz é pequena e seca. Por muitos anos, foi a cultivar de mirtilo do tipo `rabbiteye`, mais plantada no mundo (Brooks & Olmo, 1997).
Windy: Cultivar do tipo `rabbiteye`, patenteada e lançada pela Universidade da Flórida em 1992, os frutos são de tamanho médio a grande , com boa cicatriz, boa firmeza e saborosa. As plantas são vigorosas e abertas com média produtividade. A necessidade em frio é estimada em 300 horas (The Brooks and Olmo, 1997).
Georgiagem: Oriunda da Geórgia e é do tipo "highbush" do sul, sendo basicamente V. corymbosum, vem de cruzamento entre as seleções G132 x US 76; aproximadamente 25% V. darrowi. Inclui no sua genealogia as cultivares Ashworth, Earliblue e Bluecrop.É descrita como produtora de frutos de muito boa cor e qualidade, pequena cicatriz,firmes, de sabor agradável e maturação precoce. As plantas são medianamente vigorosa e de produtividade média, com hábito de crescimento semi-vertical.(Brooks & Olmo, 1997).
Foto: Nara C. Ristow
Figura 13. Planta da variedade Georgiagem, com 4 meses deplantio
em vaso
Bluecrop: Por muitos anos, foi considerada a cultivar mais importante do mundo. Lançada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em New Jersey e New Jersey Exp. Sta. Originou-se de cruzamento entre GM-37 (Jersey x Pioneer) x CU-5 (Stanley x June), realizado em 1934, por Coville e Freeman, Tem cachos de frutos grandes, medianamente soltos, a forma dos frutos são redondo oblata, com bom sabor, subàcido, polpa firme, resistente à rachadura e com pequena cicatriz. As plantas são eretas, vigorosas, resistentes à seca e com produção consistente (The Brooks and Olmo, 1997).
Star: É do tipo "highbush" do Sul. Lançada e patenteada pela Universidade da Flórida. Selecionada dentre a progênie do cruzamento FL 80-31 por O´ Neal. Os frutos são grandes, azul escuros, com boa firmeza e sabor. As plantas são de hábito vertical, moderado. O vigor e a produção são médios, com necessidade em frio de cerca de 400 horas (Brooks & Olmo, 1997).
Beckyblue: Desenvolvido por Sherman, W.B. e Sharpe R.H. Universidade da Flórida, de um cruzamento entre uma hexaplóide V. ashei Reade por E96, uma seleção tetraplóide de highbush. Os frutos são redondos, firmes, bom sabor e epiderme de cor azul média. A planta desta cultivar tem hábito de crescimento aberto e não é auto fértil, necessitando ser plantada com outras cultivares (Brooks & Olmo, 1997).
Premier: Originária em Beltsville, de um cruzamento entre Tifblue e Homebell. Entretanto seus frutos são maiores e mais saborosasos,e é similar a cv. Tifblue. Suas plantas são vigorosas, produtivas e devem ser intercaladas com plantas de outras cultivares (Brooks & Olmo, 1997).

Época de floração e colheita

Nas condições de Pelotas, RS, a floração ocorre ao final de agosto ou início de setembro. A colheita vai da segunda quinzena de dezembro ao final da segunda quinzena de janeiro. A frutificação se dá em ramos de um ano de idade e a colheita deve ser feita semanalmente ou preferentemente, duas vezes por semana; entretanto dependendo da cultivar, podem ser necessárias cinco a seis colheitas, que devem ser efetuadas quando a epiderme do fruto está escura (azulada). Segundo Stiles e Abdalla (1966), frutos de boa qualidade podem ser conservados in natura, por até quatro semanas, a 0°C, com alguma perda de qualidade. O mirtilo pode ser comercializado in natura ou processado como polpa para iogurtes, doces, sorvetes e geléias ou apenas ser congelado e comercializado nesta forma.

Melhoramento no Brasil
A Embrapa Clima Temperado introduziu a primeira coleção de mirtilo no sul do Brasil, em 1983, a qual era constituída exclusivamente de cultivares do tipo "rabbiteye". Poucos anos depois, foram introduzidas, procedentes da Flórida, sementes obtidas por polinização aberta da cv. Bonita. Na década de 90, a coleção da Embrapa contava com cerca de 130 seleções, obtidas dentre aqueles "seedlings". Por alguns anos, o programa limitou-se à avaliação dessas cultivares e seleções, uma vez que a espécie não tinha importância no Brasil, sendo preterida as espécies economicamente importantes e que, por isso, não eram prioritárias nas ações de pesquisa. Nos quatro últimos anos, foram ativados os trabalhos, realizadas novas introduções de cultivares e de sementes, não só de cultivares do grupo "rabbiteye" como também de "highbush e híbridos. Presentemente, estão a campo mais de 3 mil seedlings para serem avaliados nos próximos anos outros 8 mil estarão prontos para serem transplantados para o local definitivo. Algumas seleções das originalmente feitas, a partir das sementes de `Bonita`, tem se destacado e estão sendo propagadas para testes de validação. As mais interessantes são: Sel. 110 (Figura 21), muito produtiva, frutas de bom sabor, com teor de sólidos solúveis totais entre 11,8 a 14,8°Brix e com diâmetro variando de pouco mais de 1cm a quase 2cm; Sel. 103 (Figura 20) também produtiva, com frutas que dependendo das condições do ano, pode chegar de 10,7 a 16,4° Brix no conteúdo de sólidos solúveis totais. A Seleção Sel. 123 (Figura 22) é uma das mais produtivas atingindo em 2004, 10 kg por planta. Já a Seleção 74 destaca-se pela precocidade de produção, entretanto tem sido inferior à cv. Alice Blue. Espera-se que com o material já existente a campo e os que serão plantados nos próximos anos, oriundos de hibridações realizadas na Embrapa ou introduzidos do exterior, se possa oferecer aos produtores da região, cultivares de maturação uniforme na planta - para facilitar a colheita - produtoras de frutas maiores (diâmetro de 2,5 cm) e de qualidade e que permitam, no conjunto, ampliar o período de colheita.
Seleção Embrapa
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 14.  Aspecto de frutos e plantas, seleção 93
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 15. Aspecto de frutos e plantas, seleção 103.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 16.  Aspecto de frutos e plantas, seleção 110.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 17. Aspecto de frutos e plantas, seleção 123.


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